sexta-feira, 1 de abril de 2011

O INQUILINO (1976)

Poucos filmes me deixaram tão atordoado quanto "O Inquilino" de Roman Polanski. Protagonizado pelo próprio cineasta, a película disseca o estágio da psicose de um sujeito polonês chamado Trelkovsky, que acabou de se mudar para um apartamento parisiense. Em sua primeira visita ao local, o rapaz se impressiona com a história de Simone Choule, antiga inquilina que viveu naquele recinto. A beira da morte, a jovem se jogou da janela da pequena habitação, sem nenhum motivo aparente.

Interessado na moradia, Trelkovsky só podera se mudar no referido apartamento, caso a antiga residente autorize. Portanto ele se dirige ao hospital em que a moça suicida está internada. Em seu leito de morte, o polonês testemunha os últimos momentos de Simone que grita subitamente ao perceber sua presença. É nesse local que ele conhece Stela (Isabelle Adjani), amiga da moça moribunda. Saindo do hospital, Trelkovsky convida Stela para tomar um café e ir ao cinema. Rapidamente surge uma química entre os dois, em uma impagável cena em que Polanski e Adjani se agarram no cinema, com imagens de Bruce Lee lutando em "Operação Dragão". Até esse momento é incontestável os sentimentos lascivos do personagem de Polanski.



Quando retorna para o apartamento, Trelkovsky fica sabendo do falecimento da antiga inquilina. Começa então o angustiante declínio psicológico do personagem. Com a morte de Simone, ele se muda para casa que lhe despertou interesse. Roman Polanski transforma a pequena habitação, em um casulo metamorfósico, pois é nesse local que o protagonista passa a incorporar os trejeitos da antiga moradora. Ao mesmo tempo, Trelkovsky começa a ter lampejos de paranóia ao acreditar que está sendo vítima de um complô dos próprios vizinhos.



 Além da ótima direção de Polanski, o cineasta atua impecavelmente como o protagonista do filme. A transição de Trelkovsky para Sofia não se dá abruptamente. Aos poucos o personagem muda seus trejeitos com atos pouco sutis. O espectador é surpreendido, quando por exemplo, Trelkovsky começa a pintar suas unhas, e logo passa a se travestir. Ou quando se interessa por egiptologia, tema que despertava muito interesse em Simone. Em determinado momento o personagem encontra hieroglifos pintados na parede do banheiro do prédio.


 "O Inquilino" aborda a personalidade corrompida pelas mudanças bruscas do personagem. Além da nova habitação, o protagonista lida com a mudança de país, e com a ligeira xenofobia de seus vizinhos, quando os mesmos o indagam sobre sua naturalidade polaca. O filme é um dos suspenses psicológicos mais elaborados da sétima arte, marca de um perturbado e talentoso cineasta (e ator) como Roman Polanski. A película inclusive é tema de várias pesquisas sobre psicologia que citam teorias psicanalíticas como Identificação, Estádio do Espelho e Segunda Morte. Uma grande e perturbadora obra do cinema, sem dúvida alguma.

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