quinta-feira, 31 de maio de 2012

Estreia da semana - BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR




Por Carlos Larios

"Dos mesmos produtores de Alice no País das Maravilhas" estampa o pôster americano de "Branca de Neve e o Caçador". E como era de se esperar, o tom sombrio criado por efeitos CGI permeia a conhecida história de "Branca de Neve e os Sete Anões", tal como em "Alice" de Tim Burton. Contudo os pequenos companheiros da princesa que sofrem de nanismo, perdem espaço e dão lugar ao caçador, que ganha maior importância no filme.



A narrativa de "Branca de Neve e o Caçador" é construída em cima da famosa fábula criada pelos Irmãos Grimm, mas contrapõem-se às coloridas adaptações cinematográficas. Aqui a Floresta Negra é realmente perigosa e intimidadora, servindo de moradia para criaturas bestiais. A meiguice dos sete anões é comparada a de atrozes guerreiros bárbaros. A crueldade da malvada rainha origina-se de uma vida de amargura e decepções amorosas, despertando assim a vaidade homicida da rancorosa vilã. Portanto, não se atente ao tradicional conto de fadas para não se surpreender com aperitivo de tripas de corvo, perfurações com objetos pontiagudos e outras cenas pouco sutis no decorrer da trama.


Os realizadores do filme abusaram da liberdade poética para dar o tom sombrio à história. Contudo fica evidente que a base adotada pelo escritor Evan Daughery e os roteiristas do filme, foi livremente inspirada nos contos de J.R.R.Tolkien, e não apenas nos Irmãos Grimm.  O mundo medieval criado para "Branca de Neve e o Caçador" assemelha-se àquele que Peter Jackson transpôs para às telas de cinema. Assistindo a trechos isolados da trama, como nas batalhas contra o exército negro e as tomadas aéreas da jornada de Branca de Neve, fica evidenciado o dejá-vú tolkiano. Sem se esquecer dos rabugentos anões com sotaque britânico, que cantarolam canções seculares como as entoadas em "O Hobbit".


Dotado de belos efeitos especiais, a película transporta o espectador a um mundo de fantasia repleto de criaturas místicas e paisagens deslumbrantes. Tiro como exemplo o medonho troll que vive na Floresta Negra. A confecção da criatura foi tão bem elaborada que a pele do monstrengo é visivelmente constituída por cascas de árvores e musgos. Um trabalho impecável dos técnicos responsáveis pelos efeitos digitais.


 Entretanto o universo promissor redesenhado para esse filme, não teve o suporte que merecia. O roteiro segue uma estrutura narrativa simples, com reviravoltas convencionais e uma porção de clichês batidos. E dá-lhe discursos motivadores seguidos por celebração, velho sábio como aconselhador, reviravoltas previsíveis, batalhas campais dignas de "Coração Valente" e heroína pura que se transforma em uma impiedosa guerreira. Sim caros (as) leitores (as), a "inocente" Branca de Neve de sua infância perfura alguns guerreiros a serviço da poderosa rainha.


E se não bastasse o enfadonho argumento do filme, as atuações dos protagonistas não ajudam muito. Começando por Chris Hewsworth que interpreta o Caçador. Querendo se desvencilhar da sombra de Thor, o ator australiano entrega um personagem durão semelhante ao deus asgardiano da Marvel. Já Charlize Theron se esforça como a malvada madrasta, e até convence no papel da algoz de uma Branca de Neve bem insossa.


 Já Kristen Stewart, que interpreta a famosa princesa dos Contos de Fadas, continua a mesma. A atriz que se diz seguidora do famoso método de atuação criado por Constantin Stanislavski, é de longe a dona da pior interpretação do longa. Sua conhecida expressão da saga "Crepúsculo" permanece intacta. Desprovida de qualquer tipo de carisma que a personagem necessita, Stewart interpreta uma Branca de Neve fria, inexpressiva e nenhum pouco simpática. As limitações cênicas de Stewart poderiam ser maquiadas por um diretor competente, mas com a realização do novato Rubert Sanders, só se tornam mais gritantes.


 A falta de experiência do cineasta também compromete a película em outros aspectos. Preocupado em dar closes desnecessários de vasos caindo no chão e focar nos cabelos esvoaçantes da protagonista que cavalga à beira da praia em câmera lenta, Graves entrega uma película piegas e extremamente esquecível. Mesmo com a primorosa cenografia e efeitos, o filme cai em erros banais como flashbacks sépios, trilha-sonora enjoada composta pelo veterano James Newton Howard e falta de química entre os personagens da trama.

 "Branca de Neve e o Caçador" é bem intencionado, mas se perde na falta de talento de membros importantes da produção, e na obviedade do roteiro. O filme só não é pior devido à catarse visual criada pela equipe técnica. Uma dispensável e preguiçosa adaptação sombria da obra dos Irmãos Grimm.

3 comentários:

SONIDO LATINO disse...

Adorei a critica. Ainda não vi o filme, mas entendi perfeitamente o que vc quis dizer. Vou voltar aqui depois de ve-lo.

Anônimo disse...

voce viu em 3d ? vale a pena ou da pra ver em 2 D q da no mesmo?

Anônimo disse...

Não vale nem a pena pôr os olhos nisto aqui.

 

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