domingo, 19 de abril de 2009

VIRIDIANA (1961)

Um ano antes do Brasil levar sua primeira e única Palma de Ouro em Cannes com "O Pagador de Promessas", o festival de cinema da Riviera Francesa presenciou uma dupla premiação para melhor filme. Naquele ano de 1961, Sophia Loren ganhava como melhor atriz para "La ciociara" de Vittorio de Sica e Anthony Perkins como ator por "Goodbye Again". O cineasta do ano escolhido pelo júri fora Yuliya Solntseva por "Povest plamennykh let". Porém a premiação mais famigerada foi dividida entre Espanha e França. "Une aussi longue absence" de Henri Colpi ganhou, mas não é tão lembrada pelos cinéfilos como seu companheiro de empate, "Viridiana" de Luis Buñuel.


A obra sobre a bondade humana e a falta de caráter dos homens apresenta a mexicana Silvia Pinal como a protagonista que dá titúlo ao filme. Viridiana é uma bela moça que vive em um convento e é convidada para passar alguns dias na casa de seu tio viúvo. Vítima da solidão, Don Jaime (Fernando Rey) apaixona-se por sua sobrinha e lhe pede em casamento. A moça lhe nega o pedido, e então com ajuda de sua fiel empregada Ramona (Margarita Lozano), o velho põem calmantes no café da sobrinha. Desmaiada na cama, Viridiana quase é possuída por seu tio, que no último instante desiste do cruel ato sexual. Ao acordar, a jovem assustada decide retornar ao convento mas é acometida pela súbita notícia da morte de Don Jaime. Antes de se matar enforcado, o velho escrevera um testamento passando os bens para sobrinha e para o filho bastardo Jorge (Francisco Rabal).

Após os terriveis acontecimentos, Viridiana desiste de ser freira, e passa a hospedar na casa que antes era de seu tio, alguns mendigos. A contra gosto de seu primo mulherengo, que decide reformar o local que seu pai deixara de herança. Gradativamente os pobres acolhidos por Viridiana, esnobam sua bondade e decidem fazer uma festa enquanto ela está fora de casa. Talvez a mais significativa cena da película seja a balbúrdia dos flagelados, diante da mesa de jantar da mansão de Viridiana. Lá eles cometem uma série de erros que não serão perdoados pela jovem freira. Inclusive ela é quase estuprada por dois deles. Um aleijado e outro leproso.

De forma polêmica, Buñuel nos mostra através de ironias e sutilezas, que o homem é um ser incapaz de amar um ao outro e é incapaz de ser bondoso. O regime Franquista, que vigorava na Espanha de 1961, proibiu a exibição da premiada película nos cinemas. "Viridiana" só foi exibido ao grande público muitos anos depois, após a ditadura do General Francisco Franco.

"Viridiana" possui todos os traços de Buñuel como metáforas surrealistas e uma irônia tão venenosa quanto sutil. O filme espanhol foi o retorno do filho pródigo à Espanha e o início de mais uma bela fase do cineasta espanhol, que originou obras como "El Angel Extermiandor", "Simon del Desierto", "A Bela da Tarde", "Tristana" e "O Discreto Charme da Burguesia". Assista, divirta-se e reflita.

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