Dujardin sempre foi bem quisto em sua terra natal, com produções de sucesso em seu país. Ex integrante de um famoso grupo cômico francês, o recém oscarizado ator se notabilizou nos últimos anos em projetos de qualidade duvidosa. Com o também laureado no Oscar, Michel Hazanavicius, Dujardin trabalhou duas vezes antes de "O Artista". Fez séries de TV, interpretou o cowboy Lucky Luke das histórias de quadrinhos, e apareceu em outras produções menores. Bem afeiçoado, o galante astro demonstrou várias facetas, tornando-se um rosto conhecido entre os franceses. Seu talento limitava-se as fronteiras francesas, até maio de 2011, quando "O Artista" arrebatou a crítica mundial e recebeu entusiasmados elogios.
Como grandes comediantes, Dujardin despertava dúvidas graças a suas interpretações hiperbólicas beirando ao caricato. Até que em 2007 ele virou o jogo na comédia dramática "99 Francos". No filme ele interpreta Octave Parango, um arrogante e bem sucedido publicitário de campanhas de sucesso. Sua existência é regada ao consumo de cocaína, e à ostentação. Subitamente ele é acometido pela carnalidade de um relacionamento com Sophie, uma lasciva funcionária da agência em que trabalha. Irresponsável, Octave termina sua relação com a bela moça, ao saber que ela esperava um bebê.
Paralelo ao traumático fim de namoro, o publicitário também recebe um baque em sua vida profissional, ao ter sua campanha publicitária reprovada por uma famosa marca de iogurte (clara alusão a francesa Danone). Sua percepção quanto sua falta de humanidade só é aflorada após uma overdose de cocaína que sofrera em uma casa noturna. Após a experiência Octave decide tomar novos rumos para sua vida.
A elegância e simpatia de Dujardin em "O Artista" é transfigurada em "99 Francos". O soberbo protagonistas da película é a caracterização da imoralidade. As facetas hiperbólicas de Dujardin também estão presentes nesse filme, mas de forma condizente ao andamento da trama, e muito bem empregadas pelo ator que equilibra o humor com a dramaticidade. Jan Kounen, diretor de "99 Francos", não limita-se em formas narrativas convencionais, e mistura computação gráfica, desenho animado, psicodelia, final surpreendente e fotografia exuberante, revezando cores fortes com o preto e branco. Uma película que pode soar pretensiosa, mas que convence em sua crítica dura a bilionária e mentirosa indústria da publicidade.
Ante à estilização visual, "99 Francos" é um grande prova de que a última edição do Oscar prestigiou um grande e multifacetado ator. Seu futuro no mainstream ainda é incerto, sobretudo no que diz respeito a uma carreira internacional. Sabe-se, apenas, que seu reconhecimento na França redobrou, embora tenha perdido o "Cesar" (cerimônia de entrega de prêmios para a indústria cinematográfica francesa) de "melhor ator" , poucos dias antes de sua premiação na famigerada festa em Hollywood. Mesmo com 40 anos de idade, Dujardin pode repetir o feito de grandes astros franceses do passado, mas com o pioneirismo de ter alcançado o mérito mais alto da sétima arte, que é o Oscar.
Chegando em Paris (28 de fevereiro de 2012)
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