Coração Valente (1995)
Se eu fosse um escocês, me sentiria ofendido pelo retrato caricato da figura heroica de William Wallace. Mel Gibson transformou um símbolo patriótico escocês, em um destemido, porém sarcástico herói nacional. Com apelo emocional fácil, "Coração Valente" é um épico tecnicamente bem elaborado, principalmente pela equipe de maquiagem, direção de arte e figurino. Contudo a película envelheceu mal, sendo bastante imitada por produções parecidas, inclusive estreadas pelo próprio Gibson. O próprio, diretor do filme, se mostrou em produções posteriores como um diretor autoral de mão pesada e pouca sutileza.
À Espera por um Milagre (1999)
Confesso que quando assisti ao filme no cinema, fiquei com olhos marejados e com um sentimento de ter visto uma grande obra-prima. Que atuação de Michael Clarke Duncan, pensava eu em minha ingênua análise há muitos anos. Hoje em dia, observando com mais rigidez, é fácil constatar que "À Espera por um Milagre" é um manjado filme de fórmulas apelativas, para extrair facilmente emoções do espectador. Duncan está horrível fazendo um milagroso homem que, injustamente, é condenado por um bárbaro crime que não cometeu. Hoje em dia, poucos se lembram do finado ex guarda costa de Bruce Willis, apesar de suas pífias participações em películas menores. A grande estrela do filme, além do simpático camundongo, é Sam Rockwell que está assustador no filme.
Uma Mente Brilhante (2001)
O ex-ator mirim Ron Howard, que se tornaria segundo os críticos na década de 90, um talentoso cineasta, ganhou seu Oscar por "Uma Mente Brilhante". Sim, o "industrializado" cineasta de estúdio, sem nenhum apelo autoral, demonstra nessa piegas cine-biografia do esquizofrênico matemático John Nash, sua grande habilidade em filmes Oscarizáveis. Para isso, pegue um galã talentoso, despenteie-o, faça ele agir como um doído varrido, e insira um par romântico. O público vai se identificar e metade da crítica irá aplaudi-lo. Anos depois Ron Howard mostrou seu "talento" com as lastimáveis adaptações dos best-sellers de Dan Brown.
Gênio Indomável (1997)
Em 1997, a dupla de bonitões Affleck e Matt Damon levou para suas mansões, um exemplar dourado do Oscar. Melhor roteiro original, segundo os membros da Academia. Afinal um pobre e subestimado faxineiro genial, que é descoberto quase por acaso pelo renomado professor de uma famosa instituição de ensino, é o supra-sumo da qualidade e originalidade.
A Vida é Bela (1997)
E o Oscar vai para...Renato Aragão. Imaginem a surreal cena, de nosso "querido" Didi Mocó sendo premiado com uma famigerada estatueta dourada. Foi mais ou menos o que os perplexos italianos puderam presenciar em 1998, envergonhados claro, com a reação do também palhaço Roberto Benigni subindo pelas cadeiras do estrelado auditório ao ouvir que ganhara um Oscar por "A Vida é Bela". Em meados da década de 90, o holocausto estava ganhando dezenas de filmes anualmente. Benigni transformou o sofrimento histórico em um conto de superação familiar, de um pai sofrido que esconde a triste realidade vivida dentro de um campo de concentração, para o pequeno filho. A premissa interessante se perde nas caras e bocas do premiado comediante italiano, que esteve melhor em produções como "Daubailó" e "Uma Noite Sobre a Terra", ambas dirigidas por Jim Jarmusch.
Dança com Lobos (1990)
Martin Scorsese dirige "Os Bons Companheiros", uma de suas maiores obras-primas, mas pela terceira vez perde o Oscar para um filme medíocre. O filme da vez é o esquecido "Dança com Lobos", que se na época foi uma sensação, hoje em dia ninguém se lembra. A manjada história do herói que se junta aos bandidos, mas descobre que na verdade eles são bons, existe desde os primórdios da sétima arte. Kevin Costner estava em ascensão e em "Dança com Lobos" pôde alavancar sua carreira que só duraria mais cinco anos, antes de ingressar de cabeça no limbo hollywoodiano.
Forrest Gump (1994)
Muitos vão me “apedrejar”, mas "Forrest Gump" é ruim. A atuação afetada de Tom Hanks, e a jornada épica do nosso herói, é uma escancarada tentativa de alavancar o enfraquecido "american dream". "Forrest Gump" percorre a história americana recente no ponto de vista de um autista, e menospreza a inteligência do público. O discurso patriótico de direita ganhou os anciões da Academia, que deixaram de premiar nada mais, nada menos que "Pulp Fiction", uma das películas mais icônicas dos anos 90.
Titanic (1997)
O que falar do filme com a segunda maior bilheteria da história? Paixão proibida, com um trágico e histórico pano de fundo, regado a uma trilha-sonora apoteótica e deveras emocional. Foram esses os ingredientes dessa febre que foi "Titanic", tragédia que completou 100 anos em 2012. "Titanic" é o carro chefe dos filmes da década de 90, que todo mundo já gostou, mas que hoje em dia gosta de tripudiar.
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7 comentários:
não entendo como algumas pessoas aparentemente olham forrest gump como um filme de propaganda do american way of life. o cara era retardado (e não autista, são coisas muito diferentes) e venceu na vida agindo como tal, auxiliado por golpes de sorte. o filme mostra ainda o próprio forrest gump criticando a guerra do vietnã e sendo o responsável pela explosão do caso watergate, num evidente tom de deboche da relação da sociedade americana com a política. e, além de tudo, considerar o filme overrated por critérios tão subjetivos é lamentável.
Sugiro uma lista de "Pecados que comentemos".
Exemplos: quem hoje encontra-se na casa dos 30 azucrinou o juízo do pai desvalorizando o suor dele ao fazê-lo pagar por ingressos em filmes dos Tapalhões e Xuxa nos anos 80.
Ter se encantado com "Titanic" a ponto de de passar vários minutos em filas para ter sido "quem mais assistiu àquele 'espetáculo'" mais vezes na roda de amigos, e cantarolar desavergonhadamente a plenos pulmões "My heart will go on" (esse é imperdoável!)
Gostei tanto da sua opinião sobre Titanic, agora me fala, desde quando "porque sim" ou "porque não", viraram respostas/opinião?
Não existe crítica nessa lista, nem argumentação. É simplesmente uma lista de 8 filmes famosos que o autor considera clichês e manjados, extremamente subjetivo e sem fundamente. Seria como dizer que eu não gosto de Pulp Fiction por que é muito violento e sem emoção.
Criticar Forrest Gump com esses argumentos? Por favor, acho que você não entendeu a proposta do filme, Pulp Fiction foi o segundo melhor filme de 1994, e sempre será! Conforme-se.
A Vida é Bela foi um ótimo filme. Mereceu, sim, ganhar o Oscar, independente do se pense de Roberto Benigni e de seu eventual insucesso posterior. Digo isso tendo assistido tanto esse filme quanto o Central do Brasil, que fez muito sucesso, mas na verdade era uma colagem de clichês sentimenais. A visão chapliniana do Holocausto de Benigni foi dignamente premiada.
Não acho Titanic superestimado, a mega produção compensou os oscars e a bilheteria.
e as trilhas sonoras completam harmonicamente com o filme, agora Avatar esse sim é superestimado, é um filme com o visual bonito porém não é Wow que incrível, sei lá é muito chato, assisti 2 vezes e não via a hora de acabar o filme, e eu sei que ele foi feito em 2009 não precisa me lembrar.
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