terça-feira, 24 de agosto de 2010

FICA A DICA

Pi de Darren Aronofsky

Antes de se consolidar como um dos mais criativos cineastas da última década, Darren Aronofsky surgiu na cena indie no fim da década de 90, com "Pi". Premiado em Sundance, entre outros festivais independentes, o filme traça a ousadia do até então jovem cineasta, que anos mais tarde chocaria com "Requiem para um Sonho". Em "Pi", um Max Cohen, um obcecado matemático, procura incessantemnte um modelo padrão, para definir a ordem dos números em meio ao caos do mercado econômico. Guiado por um solitário e respeitado matemático, o homem persegue seu desejo, nutrindo-o com drogas e marginilizando-se da sociedade. Sua genialidade atrai gananciosos investidores de Wall Street e fanáticos judeus. Todos em busca de uma resposta, através dos números que Cohen tenta descobrir. Apesar de sua genialidade, o matemático se esquece da verdadeira razão da vida, na sequência Finobacci, que é notavelmente encontrada em toda natureza universal em forma de espiral.
"Pi" se tornou um marco no fim da década de 90, dado à sua montagem videoclípitca pungente, mesclada a acelerada trilha eletrônica.  Um pequeno grande filme, que custou pouco mais de U$60mil, mas que se tornou um "cult", além de agraciar os cinéfilos com um primoroso debute de um ascendente cineasta.

Meu Jantar com André de Louis Malle

Talvez para o cineasta Louis Malle, "Meu Jantar com André" tenha sido um de seus feitos mais simples. Ao acoplar dois velhos conhecidos da cena teatral nova iorquina, Wallace Shawn e Andre Gregory interpretando-se a si mesmos, Malle apenas focou a câmera para quase duas horas de diálogo dentro de um restaurante. Apesar da suposta simplicidade que a trama oferece, "Meu Jantar com André" é um objeto de estudo filosófico, para os amantes do cinema erudito. Por quase toda metragem da película, viajamos nas histórias do consagrado diretor de teatro André Gregory, que conta suas experiências reais, em busca da essência da vida. Em contrapartida, como Wallace Shawn, o espectador é apenas um ouvinte fascinado pela carga astral de companheiro de mesa, mas que em determinado momento, confronta as convicções do amigo. 
Para muitos, "Meu Jantar com André" pode ser enfadonho, desde que o espectador não esteja preparado para presenciar uma conversa cheia de teorias sobre espiritualidade, consumismo, religião e transcendência. Uma legitima aula de cinema humano e simples, mostrando a catarse de dois homens cultos, durante uma simplória refeição regada à sopa de batatas e vinho.

Ajuste Final de Joel Coen e Ethan Coen

Eis mais um exemplar admirável dos irmãos Coen. Como de costume da filmografia da dupla, "Ajuste Final" é um pastiche de obras de gângsters, além da redenção do homem diante da justiça. É o caso do viciado em jogos Tom Reagan (Gabriel Byrne), homem de bastante reputação dentro das falcatruas criminais de sua cidade. Reagan é o "braço direito" de Leo (Albert Finney), um poderoso mafioso irlandês, que domina toda corrupção local. Até que um dia é obrigado a se confrontar com Johnny Caspar (Jon Polito), criminoso em ascensão que pretende matar o trapaceiro Bernie (John Turturro). Ao pedir ajuda ao velhor irlandês, Caspar se sente humilhado ao ter seu pedido negado, e promete se vingança de Leo. Tanto o mafioso, quanto Reagan, são apaixonados pela sedutora Verna (Marcia Gat Harden), irmã do odiado Bernie. 
Como de prache nas películas dos Coen, o filme é dotado de sutis simbolismos, tal como um chapéu flutuando em uma floresta de árvores enormes. Tudo interligado de forma genial pelos irmãos, que notabilizaram-se já nessa terceira película de suas carreiras.
Apesar de grandioso, "Ajuste Final" levou tempo para ser concretizado, levando Joel e Ethan, a escrever um segundo filme durante a produção desse, baseado no bloqueio criativo da dupla. "Barton Fink" (como descrito em uma crítica desse blog), originou-se dessa obra-prima, que certamente está entre as melhores da década de 90.

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