Andrei Zvyagintsev nunca tinha dirigido um filme antes de "O Retorno". Seu debute como cineasta com certeza não poderia ter sido melhor. Com mão firme de um legitimo russo, dirigiu a sensível história da relação entre um pai e dois filhos. O premiado"road-movie" conta a história de Andrey e Ivan, garotos comuns e mimados pela mãe. Certo dia o pai dos meninos que estava ausente há anos, retorna misteriosamente para casa. Os 12 anos que passou longe da família não intimidam o patriarca que mantem a rédia curta com os filhos. Sentados à mesa de jantar após mais de uma década, a família reune-se novamente. O pai propoem uma viagem com os garotos, como uma forma de aproximação.
Com o desenrolar da trama torna-se mais contundente o método pedagógico que o pai adota para educar os filhos. O caçula é o mais rebelde e mimado e sempre contraria o esforço que o pai faz para torna-lo homem. Antes de dormir, as conversas com o irmão revelam que o sentimento que nutre pelo pai, é de desconfiança e indiferença diante de longos 12 anos de ausência. A viagem torna-se mais emocional quando chegam a uma pacata ilha. É nesse local que Andrey e Ivan tornam-se enfim, dois homens maduros graças ao rigoroso pai. Pontuado por uma rica fotografia, o filme em sua maior parte é silencioso, e delicadamente mostra a conturbada semana dos protagonistas, na ótica dos garotos, que desconhecem a verdadeira faceta do patriarca.
O roteiro, como sempre coube ao cinema russo, é bem mais complexo do que se imagina. Apesar de sua linearidade e edição simples, "O Retorno" é muito mais do que parece. Zvyagintsev não revela as verdadeiras intenções do pai, fazendo o espectador pensar depois do término da película. Em 2004, tal película foi aclamada com vários prémios ao redor do mundo, incluindo o Leão de Ouro em Veneza e uma indicação ao Globo de Ouro de filme estrangeiro. Em 2007, Zvyagintsev dirigiu "Izgnanie", película de mais de duas horas de duração que não vingou tanto quanto "O Retorno".
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