Há alguns anos, o cineasta alemão Werner Herzog dirigiu o excelente documentário, "Grizzly Men", que acompanhava um pesquisador de ursos em locais inóspitos do Alasca. Tragicamente ele morreu sendo atacado pelo objeto de seu estudo. Dois anos depois, Herzog resolveu rodar os mistérios da natureza e da existência dos seres vivos, através da Antártica. Conseguiu com êxito vender seu filme para o Discovery Channel e ainda foi indicado para o Oscar de Melhor Longa de Documentário. Apesar da famosa emissora de televisão ter exibido a película, "Encounters at the End of the World" não é um documentário usual, como os habituais exibidos pelo canal. Ou seja, não é somente um documentário didático rico de imagens, mas sim uma belíssima película filosófica sobre o tema batido, "quem somos? de onde viemos? para onde vamos?". Apesar de não soar original, Herzog usa e abusa de depoimentos de pesquisadores e cientistas que trabalham no continente gelado para ilustrar os anseios e mistérios em que a Antártica desperta no Homem. Uma das mais instigantes entrevistas é de uma fisiologista que faz trabalhos voltado à focas da região. Ela comenta a respeito do silêncio do local, que de forma poética é demonstrado por Herzog como um passeio pelo mistérioso Cosmos Universal. Tudo é claro, ao som de uma trilha obscura que não fica nenhum pouco atrás das mais inventivas experiências da banda Pink Floyd.
Certamente, o diretor de "Aguirre" e "Fitzcarraldo" soube usar as frias imagens registradas, para descrever nós mesmos. Nossos sonhos, temores e anseios, todos reunidos de forma metafórica em um continente gelado. Após a exibição da película, imagens como a da fauna e flora dos mares soterrados por toneladas de gelo, ficam na cabeça do espectador. Graças a sensação de vulnerabilidade humana diante da mãe natureza, somada a beleza visual captada pelo cinegrafista . Ou a imagem da triste caminhada de um pinguim sem rumo, esperando apenas pela morte. Werner Herzog soube mais uma vez lidar com os limites da realidade humana, graças a sua capacidade egocêntrica de querer explicar o inexplicável. Não sei ao certo se "Encounters at the End of the Word" levará a estatueta dourada para casa, apenas sei que esse documentário é excepcional, e merece ser visto por entusiastas e sonhadores.
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