Os bons anos que Madonna conviveu com seu ex-marido Guy Ritchie, só lhe serviram de equivocada inspiração para ser cineasta. "W.E. - O Romance do Século" é a hipérbole estilizada da beleza. Tudo nessa segunda película da eterna "Material Girl" na direção, remete ao exagero. Closes pretensiosos filmados em super-8, incontáveis cenas em câmera lenta durante momentos de dramaticidade, chorosa trilha sonora mesclando ópera e rock indie, além de sofríveis atuações, principalmente por parte da bonitinha Abbie Cornish e do galã latino Oscar Isaac.
O roteiro escrito pela própria cantora, juntamente com Alek Keshishian, divide a película em duas histórias paralelas. De Wally Winthrop (Abbie Cornish), que se passa nos anos 90, e a de Wallis Simpson (Andrea Riseborough) durante a década de 30. Winthrop é a dedicada esposa de um bem sucedido psiquiatra nova-iorquino. Contudo ela tem problemas para engravidar, e desconfia da fidelidade de seu marido. Já Wallis Simpson, conhecida como Duquesa de Windsor, é a polêmica americana que arrebatou o coração do Príncipe Edward (James D´Arcy) da realeza britânica. A relação do monarca com a súdita impede que ele suba ao trono, sucedendo seu pai. Entre o dilema do poder e do amor, Edward abdica de ser o novo rei da Grã-Bretanha, para se casar com Wallis. A relação do casal, descrita no filme como o "romance do século", foi brevemente retratada no premiado "O Discurso do Rei", onde Edward era interpretado por Guy Pearce.
A trama envolvendo a história real da americana vinda de dois divórcios, um absurdo na época, não é de todo mal. Com boa direção de arte e figurino, as sequências de Wallis Simpson não comprometem tanto a película. Entretanto, a história fictícia da esposa nova-iorquina obcecada pela Duquesa de Windsor, é um show de mau gosto sem precedentes. Desamparada pelo marido alcoólatra, Wally devaneia pela exposição dos objetos em leilão da antiga duquesa. É nesse local que ela conhece o galante segurança russo Evgeni (Oscar Isaac), que passa a flertar com a moça. Para conquista-la, o ex-refugiado russo desnudo de roupas íntimas, traja um kilt, além de um indiscreto chapéu da guarda real, oferecendo à bela e estonteante Wally, uma noite romântica entre os pertences da antiga socialite que tanto admira. Um deplorável alívio cômico, entre pretensiosos momentos de emoção fácil, digna de folhetins globais. Acrescenta-se ao roteiro enfadonho, a já citada picaretagem do casal interpretado por Cornish e Isaac.
Um último aspecto que gostaria de frisar. Alguém avise Madonna que glamourizar a nicotina, além de ser ultrapassado, hoje em dia é quase imoral. Digo isso pela forma charmosa que o cigarro é caracterizado por Evgeni, quando ele incessantemente fuma em poses galanteadoras à la Humphrey Bogart, durante os anos 40.
"W.E." parece uma extensão em cores do clipe "Erotica", grande hit da pop-star. Imagens em super-8, closes desnecessários de pessoas e objetos, e rebuscamentos para encobrir o projeto de Madonna, mais munido de vaidade do que de talento. Um filme que pouco acrescenta, e expõe a carreira cinematográfica da cantora ao ridículo.
Nota: 4,0
Estreia nos cinemas no dia 09 de março de 2012.
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