sábado, 16 de abril de 2011

A ÚLTIMA GARGALHADA (1924)






Antes de se engajar no movimento nazista como um dos grandes  ícones artísticos da ideologia alemã, e de ser o primeiro ator vencedor de um Oscar, o suiço Emil Jannings era apenas um promissor artista teatral. Seu primeiro personagem inesquecível fora de rei Henrique VIII em "Anna Boleyn" (1920) do lendário cineasta Ernst Lubitsch. Mas sua performance mais memorável só viria em 1924, com o clássico do cinema mudo alemão, "A Última Gargalhada". Dirigido por F.W.Murnau, conta a história de um porteiro de hotel que se encontra no limiar da sanidade quando descobre que perdera o emprego que tanto o orgulhava. Admirado na humilde vila em que residia, o altivo porteiro trajando seu pomposo uniforme exibia-se diante do olhar invejoso da vizinhança.

Após um pequeno incidente em que se envolveu quando deixou cair uma pesada maleta, o porteiro recebera uma carta que lhe explicava as razões da perda de cargo. Sua idade avançada impediria o homem de continuar carregando as pesadas bagagens da aristocracia que se hospedava no hotel. Por consideração, o ex-porteiro não fora despedido, mas para sua tristeza passou a trabalhar no banheiro do hotel. A partir de então, Murnau incomoda o espectador com a queda moral do simpático protagonista.Afogado em depressão e baixo estima, o porteiro lamenta-se também por ter perdido o respeito e a admiração que sua mulher nutria por ele. O final feliz da trama fora um pedido que os produtores fizeram a Murnau, após saberem do desfecho pessimista do personagem.


    A câmera em constante movimento durante as tomadas estiliza o sofrimento do porteiro, desvirtuando as imagens nos planos lúdicos, ou na embriaguez do protagonista. Traços evidenciados do expressionismo alemão, ainda vigente naquele período. A câmera portátil, como o travelling que permeia algumas tomadas do saguão do hotel, revolucionaram a fotografia do cinema. Karl Freund, um dos maiores diretores de fotografia da história, e responsável por "A Última Gargalhada", ganhou Hollywood anos mais tarde.


O filme também foi revolucionário por não conter as habituais escritas que narra a fala dos personagens, típico do cinema mudo. Com exceção de duas cenas, "A Última Gargalhada" se sustenta no talento do cultuado ator Emil Jannings, que por infelicidade anos mais tarde fora abolido de Hollywood e do cinema em geral por sua associação com a filosofia de Hitler. Deixando o debate ideológico de lado, Jannings deve ser lembrado pelo grande papel de porteiro decadente que lida com a depressão na fase terminal da sua vida, como um dos seus grandes papéis.

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