domingo, 30 de maio de 2010
The Happiness of the Katakuris (2001)
O cinema autoral no Japão apresenta nos últimos anos, cineastas ecléticos e muito prestigiados. Takesi Kitano, por exemplo, com seu fetiche pela yakuza e sanguinolência exarcebada, recebeu até uma indicação para última Palma de Ouro em Cannes por "Outrage". Outro diretor de renome e tão badalado quanto Kitano, é Takashi Miike. Com cinquenta anos de idade, Miike já dirigiu mais de 80 filmes, desde 1991. Uma base de 40 películas por década.
O mais interessante é que raramente um de seus filmes pode ser classificado em um único gênero. Em "The Happiness of the Katakuris", Miike reúne comédia, musical, romance, terror, suspense e animação em "stop-motion". Ou seja, um filme inclassificável.
Filmado em 2001, a película conta a história da família Katakuri em busca da felicidade. Depois de ser despedido de seu emprego, Masao, o patriarca da família, junta suas despesas afim de montar uma pequena e acochegante pensão. Contudo o local é de difícil acesso e poucas pessoas se hospedam em seu investimento. Com ajuda de seus dois filhos, da esposa, do pai e da neta, o homem se vê em apuros quando encontra seu primeiro cliente, morto com um objeto pontudo no pescoço. Desesperado, porém decidido, Masao enterra o cadáver nas proximidades de sua pensão.
Logo em seguida, um casal de hóspedes também é encontrado morto dentro dos quartos. A família Katakuri decide enterra-los juntos ao primeiro cadáver. Enquanto isso, Shizue, filha de Masao, se apaixona por um misterioso homem que supostamente trabalha para realeza inglesa. Seu nome é Richard Sagawa, e logo se descobre que é um farsante de primeira categoria. Sua vestimenta de marinheiro remete ao de Richard Gere em "A Força do Destino", tornando-o ironicamente (já que ele é feio demais) o galã do filme.
São com canções contagiantes e extravagantes, que Miike explica passagens da família no decorrer do filme. A cena em que Shizue conhece seu amado Richard é de suma beleza fotográfica, apesar de ser propositalmente mal coreografada. Outra característica única de "The Happiness of the Katakuris" são as partes em "stop-motion". Miike não usa nenhum efeito de CGI durante a trama, mas opta por uma tosca animação em massinha que ficou muito interessante.
Se a intenção do cineasta era criar uma obra positiva e por vezes "no sense", conseguiu com bastante êxito. Contudo o público ocidental, acostumado com a linearidade de seu cinema, dificilmente vai gostar desse filme. A extravagância, mesclada com um pouco de violência e canções melosas, pode não ser bem "digerida" pelo grande público.
"The Happiness of the Katakuris" é uma das grandes obras de Takashi Miike, que já tem um grande espaço entre os grandes cineastas nipônicos da história. Perdoe o clichê, mas se você acha que já viu de tudo, e não viu esse filme, então está muito enganado.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
1 comentários:
Muito boa a sua análise!
É uma experiência incomum assistir “Katakuri-ke no Kôfuku”, esse singular filme alterna entre a comédia, horror, suspense, drama, musical e até animação “Stop-Motion” vai junto, tornando um trabalho totalmente fora dos arquétipos, indefinível. O Cinema Asiático com mais uma de suas excentricidades e o que impressiona também é a forma como a história é tratada, uma obra que consegue ser feia e bonita ao mesmo tempo , feia pelo seu horror “gore” e sinistro, a animação no começo já é a prova, porém, o efeito é paradoxal, pois elevou a qualidade do filme. A beleza dela é a mais patente, com toda certeza, a sua maravilhosa apologia a Felicidade, pois o filme é alegria pura, mesmo nos momentos mais difíceis.
Mais em: http://cinelevesresenhas.blogspot.com/2011/10/felicidade-dos-katakuris-2001.html
Postar um comentário