segunda-feira, 20 de julho de 2009

DOGVILLE (2003)

Como explicar um filme tão cru e cruel como esse? Cru no ponto de vista da direção de arte que limita-se a usar qualquer tipo de parede que possa separar os personagens e os ambientes. E cruel por nos mostrar a dura realidade da excência humana. Tal como os cães, nós humanos nos limitamos a viver seguindo nossos instintos e anseios. Contudo o que nos diferencia dos nossos amigos caninos é a capacidade de raciocínio. E é nesse aspecto humano que a jovem e bela Grace se apoia até os minutos finas da trama. Lars von Trier nos conta a história de uma mulher, que de tão arrogante e misericordiosa com o próximo, torna-se vítima de sua bondade. E é na pequena e pobre cidade de Dogville que Grace (Nicole Kidman) se engradece como ser humano depois de uma árdua experiência de humilhação e sofrimento em pró de sua convicção. Como se não bastasse o trágico fim da película, Lars von Trier nos perturba com imagens de degradação humana ao som da deliciosa trilha de David Bowie.
Não me alongarei nesse assunto, para não passar falsa demagogia, e simplificarei tudo que presenciei ao assistir a esse filme.
Dogville é uma obra-prima universal que prende o espectador fazendo-o esquecer rapidamente a maneira atípica que Lars von Trier formula a trama. O modo teatral não esta apenas empregado no cenário, mas sim na direção dos atores que se posicionam como personagens encenando Shakespeare em uma peça. E por falar em personagens, não lembrava de um filme com tantos vilões (por assim dizer). Três se destacam; Vera (Patricia Clarkson), uma emotiva e cruel dona de casa da pequena cidade e seu marido Chuck (Stellan Skarsgård). Além de Tom Edison (Paul Bettany), um jovem filósofo que de tão confuso sobre si e sobre os habitantes da cidade que reside, afunda-se em sua arrogância e usa a misericordiosa Grace como um apoio moral para os cidadãos de Dogville. O tiro sai pela culatra, e a personagem da excelente Nicole Kidman, dá a volta por cima da pacata cidade que lhe acolheu e a fez sofrer ao mesmo tempo.

Lars von Trier nos faz questionar horas a fio depois do último minuto de película, sobre temas tão presentes em nossas vidas. Até onde o ser humano é capaz de estancar seus anseios mais primitivos e se fara nobre tal como um cão, que incansavelmente luta apenas por um pedaço de osso? Seria Moisés (nome irônico), o único personagem canino da trama, o verdadeiro e nobre "herói" do filme? Assistam e tirem suas conclusões.

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