domingo, 28 de junho de 2009

O ÓDIO (1995)



"O Ódio" ajudou a revelar dois talentos estimados para o cinema francês. O primeiro é Mathie Kassovitz, reconhecido ator de filmes como "O Fabuloso Destino de Amelie Poulain" e "Munique". Nessa película, Kassovitz desempenhou a função de diretor. Seu promissor debute como cineasta,  o consagrou em uma série de prêmios pela Europa, incluindo uma indicação a Palma de Ouro em Cannes. A outra estrela revelada dispensa comentários, já que se trata do astro Vincent Cassel. “O Ódio" foi o divisor de águas para esses dois talentos que despontaram para o estrelato internacional.

A trama da película aborda a relação de três jovens moradores da periferia parisiense, que vivem frequentes embates com policiais, devido à falta de assistência às condições sociais. Em “O Ódio” acompanhamos um dia inteiro da vida de três rapazes marginalizados: Vinz (Cassel), o negro Hubert (Hubert Koundé) e o descendente de árabe Said (Said Taghmaoui). As horas registradas na película foram antecedidas por um violento confronto com a polícia, deixando um amigo do trio demasiadamente ferido. A hostilidade recíproca entre população e autoridades, desperta o citado ódio que dá origem ao nome do filme.


 Apesar da tensão vivenciada pelos amigos, a imaturidade jovial é relatada na película. O trio disserta sobre “Mad Max”, imitam De Niro de “Taxi Driver” diante do espelho, proclamam falsas ideologias, contam piadas e traficam drogas para sustento de suas famílias. Apesar do típico posicionamento dos rapazes, suas facetas não escondem a frustração social diante dos problemas de desigualdade na França. O campo de guerra deflagrado pelos jovens da periferia de Paris nada se assemelha com idealização romântica da “cidade-luz”. Segundo Kassovitz, a capital francesa pode ser fria, dura e violenta tal como a densa fotografia em preto e branco da película. E é nesse contexto social que Kassovitz levanta o tema do ódio, inserido em um desprezível ciclo-vicioso.


 A cena chave de "O Ódio" está na discussão dos três rapazes dentro de um banheiro, e que abruptamente são interrompidos por um senhor muito idoso que estava em uma cabine. O ancião conta-lhes uma triste história que de forma magistral e peculiar ilustra a vida e a relação dos jovens, com os temidos policiais.



Com um suave toque de humor, Kassovitz nos transporta para a vida marginal parisiense de uma forma chocante e inesquecível. Méritos do diretor e roteirista, e dos primorosos desempenhos dos protagonistas da trama que despertam ao espectador vários tipos de sensações. Comédia, drama e suspense fazem parte desse crítico pastiche, abordando problemas franceses de pouca familiarização aos estrangeiros.  Mas “O Ódio” não é apenas um vislumbre analítico da geopolítica francesa, mas também um reconhecimento universal aos preconceitos e diferenciação de nossa sociedade.  


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