Gran Torino é um filme para nenhum macho botar defeito. Principalmente para os fãs da velha guarda dos machões do cinema. Tanto é que o Walt Kowalski dessa película, dezenas de vezes foi comparado ao mítico Harry Callahan da cine série policial "Dirty Harry". Ambos personagens imortalizados pelo não menos sagrado Clint Eastwood.
Por décadas o ator atuou em dezenas de filmes e dirigiu mais um grande punhado, tanto é que foi aos poucos se firmando como um cineasta talentoso e eclético. Já dirigiu romance, biografia, ação, suspense, guerra, faroeste e muitos dramas. Das estrelas remanescentes do cinema norte-americano, certamente Eastwood é das maiores, seja como ator de westerns italianos ou como um exímio diretor de cinema.
Com "Gran Torino" Eastwood talvez esteja encerrando sua carreira a frente das câmeras para se focar melhor na direção. Se isso realmente se concretizar, de certa forma Eastwood fez uma ótima escolha para o fim de sua lendária carreira de ator.
O velho carrancudo Walt Kowalski desse filme resume bem quem é Eastwood. Um homem cercado por esteriótipos masculinos, mas que possui uma gama de humanidade guardada dentro de si. É com delicadeza que o astro atua e dirige "Gran Torino," uma história sobre perdão, racismo e velhice, protagonizada com perfeição pelo velho Eastwood.
Na trama, o veterano da Guerra da Coréia Kowalski acaba de ficar viúvo e precisa se adaptar a solidão. Sua casa é cercada por uma vizinhança de Hmongs, no qual ele alimenta um profundo racismo. Em uma noite o velho é despertado de seu sono ao ouvir ruídos vindo da garagem da casa. Seu desejado carro Grant Torino 1972 estava sendo roubado por Thao, seu jovem vizinho que passava por um teste de aprovação que o faria entrar para um grupo de marginais Hmongs. A fúria de Kowalski assusta o rapaz arrependido que foge do local.
Dias depois o velho salva a pele da família de Thao duas vezes, conquistando assim um grande respeito e admiração. Como forma de arrependimento pela tentativa de furto do Gran Torino, o jovem vizinho deverá trabalhar gratuitamente para o ranzinza Kowalski. Nasce ai uma grande amizade entre os dois que ajudará o velho veterano de guerra se redimir dos erros cometidos em um passado distante e sangrento.
Vale reiterar que a atuação de Eastwood cabe-lhe como uma luva e emociona o menos sentimental dos machões. A trama mistura drama, humor e suspense de uma forma bastante equilibrada. A cena de aprendizado de Thao dentro da barbearia que Kowalski frequenta é hilária. Já o momento do ataque da gangue Hmong contra os vizinhos do viúvo é chocante e muito emotiva.
Esse é mais um caso de injustiça na história do Oscar que sequer indicou essa película para alguma categoria. Mas como o Academy Awards me decepciona a cada ano, acho que até foi melhor assim. "Gran Torino" é indispensável e uma grande dose de emoção ao logo de quase duas horas de metragem. Não percam.
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