Bem-vindo, Pantera!
Por Diego Martins Salomão
Em tempos de debate sobre a inclusão das minorias, como fazer um filme sobre um herói negro não parecer panfletário? Pois assim como ocorreu com Mulher-Maravilha no ano passado, que poderia ser apenas um filme-denúncia com muita função social e pouca diversão, Pantera Negra não se escondeu em discursos pré-fabricados e convenceu! Com roteiro espetacular e o padrão Marvel de qualidade, iniciado em 2008, a história que se passa na África e não tem um loiro de olhos azuis como protagonista já é um dos grandes acertos da franquia em seus dez anos de existência.
De volta a Wakanda depois dos acontecimentos de Guerra Civil, o príncipe T’challa (interpretado por Chadwick Boseman) está pronto para assumir o trono e a função de Pantera Negra, milenar defensor do país, que, se por um lado, trata-se do mais avançado do mundo graças às reservas de Vibranium, por outro, ainda conserva tradições antiquadas e tribais, como o combate corporal até a morte em caso de alguma tribo querer desafiar a monarquia absolutista vigente. Desafiado e vencedor – com pompa, circunstância e atabaques – T’challa assume a coroa; porém, o reencontro com um antigo amor começa a fazê-lo pensar: não seria hora de parar de esconder suas riquezas e tecnologia, e ajudar o resto da humanidade? Suas intenções eram nobres, mas os preconceitos e o nacionalismo de seu conselho, exército e família também. Um erro grave no passado de seu pai, no entanto, põe não apenas as tradições do país em risco, como também sua própria vida.
Assim, nasceu do colorido e por vezes infantil Universo Marvel um filme divertido, de enredo surpreendente, temática atual e que trouxe um enfoque diferente sobre as já batidas histórias de super-heróis. Um grande trabalho do ainda inexperiente diretor Ryan Coogler, que, com esse, dirigiu apenas três filmes em sua carreira. Sobre o elenco, além do protagonista Boseman, merecem destaque algumas mulheres que o cercam, como Lupita Nyong'o (ganhadora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por 12 anos de escravidão) e Angela Bassett (que já concorreu ao prêmio de Melhor Atriz, depois de viver a cantora Tina Turner). Outro que merece ser lembrado é o antagonista Michael B. Jordan, totalmente recuperado depois de fazer o papel de Tocha-humana no desastroso Quarteto Fantástico (2015).
Então, se você ainda não viu o Pantera Negra, corra já pra cinema! É a chance de conhecer a fundo um personagem que se não é tão famoso, possui uma história incrível, contada de forma impecável e que certamente será fundamental no épico que a Marvel está preparando para abril em Vingadores III: Guerra Infinita! Ah, sim, e não tenha pressa para sair quando o filme acabar, pois há duas cenas pós-créditos, sendo a segunda um grande aperitivo do que vem por aí...