terça-feira, 21 de novembro de 2017

Resenha - LIGA DA JUSTIÇA




Deu liga!
Por Diego Salomão

Dizer que vivemos a Era de Ouro dos filmes de super-heróis não é nenhum exagero, já que desde a virada do milênio tais produções aumentaram em quantidade, qualidade e bilheteria de forma assustadora. Hoje é difícil pensar em um personagem de HQ’s que ainda não tenha aparecido em um filme. No entanto, tal cenário, que teve seu grande salto de qualidade com o início do Universo Cinematográfico Marvel e seus Vingadores, ainda parecia incompleto. Parecia, pois no último dia 16 de novembro estreou no Brasil a primeira produção live-action da Liga da Justiça. 

Quinto filme do Universo Estendido DC e sequência do fenômeno Mulher-Maravilha, o filme era um anseio antigo dos fãs dos quadrinhos e em particular dos fãs da DC Comics, que há cinco anos veem os Vingadores quebrarem recordes de bilheterias com a mesma facilidade com que destroem cidades. Pois muito bem, espera encerrada, pipoca comprada e o tom sombrio que caracteriza os filmes do diretor Zack Snyder toma conta da sala de cinema, quando ELE surge na tela: Batman!

Visivelmente mais em forma do que em Batman vs. Superman e alheio a todas as polêmicas sobre seu futuro com o personagem, Ben Affleck teve atuação altamente convincente como um Batman mais maduro e sem o ódio que o envolveu durante o embate com o Homem de Aço. Agora, ele e a Mulher-Maravilha têm preocupações maiores que uma rixa entre heróis; com a morte do Superman, o deus Steppenwolf, inimigo de longa data das amazonas, prepara-se para destruir o planeta Terra, o que leva Bruce e Diana a buscarem reforços. Aquaman, o primeiro deles, surge repaginado. Esqueça aquele loirinho inofensivo dos desenhos, frequentemente esculhambado na série The Big Bang Theory! Interpretado pelo brutamontes Jason Momoa – astro de Game of Thrones – o príncipe de Atlântida é uma espécie de Wolverine da Liga, que bate primeiro e pergunta depois.

 Menos agressivos, mas não menos importantes, surgem ainda o infantil Flash – claro alívio cômico do enredo, interpretado por Ezra Miller – e o Ciborgue. Talvez menos conhecido que os outros heróis, o moderninho personagem do ator Ray Fisher é fundamental para história, inclusive por ser parte da resposta que os fãs buscam: como diabos o Superman ressuscitou?

Pois é, como todos já sabiam, ele voltou (não vou contar como). Afinal, seria impensável conceber um universo DC Comics sem seu herói mais famoso, não é mesmo? E falando em universos de heróis, é importante destacar que, por problemas pessoais, o diretor Zack Snyder teve que abandonar as filmagens antes de serem concluídas.  Assim, Liga da Justiça foi finalizado por Joss Wheton, que já tinha mostrado toda a sua competência no primeiro Vingadores (2012); até hoje a maior bilheteria do gênero. 

Problemas? Em tese, não.  A questão é que Wheton é parte fundamental da estética traçada pela Marvel no cinema: clara, alegre, colorida, bem-humorada... Muito longe do estilo de Snyder, e por mais que tenha havido profundo respeito ao projeto em andamento, é perceptível que há quatro mãos na direção. Sobre o roteiro, vale lembrar que, após a avalanche de críticas sobre Batman vs. Superman, Jeremy Irons, que faz o papel de Alfred, disse que a história era, de fato, confusa e que a da Liga era bem melhor. Sim, é melhor. Porém, se muitas vezes vamos ao cinema e pensamos “esse filme poderia ter meia hora a menos”, quando se olha para a quantidade de personagens de Liga da Justiça e a megalomania da trama, tem-se a impressão de que certas passagens foram tratadas com relativa pressa.

Problemas à parte, os geeks já podem dormir tranquilos: a Liga da Justiça tem seu próprio filme e é bom! Cheio dos clichês que amamos (não, o Superman morto-vivo não aparece de uniforme preto, como andou circulando na internet), divertido, e com um elenco estelar (incluindo ainda Billy Crudup e J. K. Simons), saí da sala de cinema com apenas uma questão em mente: se o Superman e Clark Kent morreram e ressuscitaram nas mesmas datas, como ninguém ainda notou que são a mesma pessoa? Besteiras que só nós, fãs, perdoamos...

sábado, 4 de novembro de 2017

Resenha - THOR: RAGNAROK





Por Diego Salomão

Esqueça aquele Thor carrancudo, sério e arrogante de seu primeiro filme, lá em 2011. Quem sabe se foi o exílio na Terra, a entrada pros Vingadores, amizade com Tony Stark, o romance com Jane Foster... O fato é que, seis anos depois, em Ragnarok, o deus do trovão surge bem-humorado, leve, beberrão, mulherengo, cheio de disposição pra lutar e nem aí pro Trono de Asgard. 

Entretanto, a morte de seu pai e posterior aparição de Hela, a deusa da morte – filha de Odin, e portanto herdeira do trono – acaba unindo Thor e seu controverso irmão Loki em uma batalha pela sobrevivência de sua terra-natal. Antes, porém, em uma perseguição com Hela pelos confins do multiverso, Thor e Loki acabam enviados para um planeta desconhecido, onde nosso herói é preso e obrigado a se tornar um gladiador – Jeff Goldblum está impagável como uma versão cósmica e pós-moderna do imperador romano Júlio César! Assim, sem seu precioso martelo, ele entende que só seus braços o tirariam daquele lugar, mas qual não é sua surpresa ao ver que seu oponente era seu grande (bem grande) amigo Hulk, totalmente adaptado à vida de gladiador e sem se lembrar de que também era Bruce Banner.

Dessa forma, depois de muita briga e cenas hilárias, Thor e seu companheiro de batalhas conseguem fugir para tentar impedir o apocalipse (ou Ragnarok?) em Asgard, naquele que é a ponte perfeita traçada pelo Universo Cinematográfico Marvel entre a seriedade política dos Vingadores e as viagens intergalácticas e, por vezes, infantis dos Guardiões da Galáxia. Non-sense sem medo de ser feliz, divertido e bem produzido, Thor: Ragnarok é uma viagem cheia de mistérios, porrada, humor e emoção.

 Um tiro certo do diretor neozelandês Taika Waititi, que ganhou fama com curtas-metragens e filmes de humor e faz sua estreia em Hollywood. Aliás, apesar de ser seu primeiro grande blockbuster, vale lembrar que o universo dos filmes de heróis não é completamente estranho ao diretor, que atuou no fracassado Lanterna Verde (2011) como melhor amigo do protagonista, e recentemente afirmou que ter participado de um filme tão criticado foi fundamental para saber o que não fazer em Ragnarok.

Por fim, eu gostei muito. Se você é do tipo que procura seriedade em filme de super-heróis, nem perca seu tempo. Mas se você daria a roupa do corpo pra ver o Hulk fantasiado de Gladiador, corre já pro cinema!
 

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