Quarteto Fantástico
Por: Diego Martins Salomão
Como fã do Queen desde a infância, sempre me incomodou a
distância traçada pela mídia entre Freddie Mercury e seu companheiros. Não que
o cantor não mereça todas as honras, pois, além de uma voz excepcional, era
também um pianista fantástico e um incrível compositor. Entretanto, seu
carisma, seu talento, sua personalidade e, por que não dizer, sua característica
cafonice em alguns momentos (bonecas infláveis, homens fortes, fantasia de
Rainha da Inglaterra...), acabaram por jogar Brian May (guitarra), John Deacon
(baixo) e Roger Taylor (bateria) para um injusto e absurdo segundo plano.
Ridículo! Mercury era um gênio, sim, mas vou morrer dizendo que não teria sido
o que foi se não tivesse também a sorte de ter encontrado outros três músicos
tão incríveis.
Pois muito bem. 41 anos depois do lançamento de seu disco
mais importante, A Night at the Opera,
estive em uma sala Cinemark para conferir a exibição do show A Nigh at the Odeon – Hammersmith. Gravado
em 24 de dezembro de 1975 e transmitido pela BBC, o show é um registro
histórico de uma banda que, após quatro anos sofrendo nas mãos de empresários e
gravadoras, tinha a oportunidade de tocar sua obra-prima, Bohemian Rhapsody, pela
primeira vez na televisão, para o mundo inteiro ver. Não precisaria de mais
nada para emocionar, mas teve.
Antes da exibição do show é passado um pequeno documentário,
em que os quatro contam a trajetória até chegar àquele momento. Contam sobre as
gravações da madrugada, pois os estúdios não lhes cediam espaço em horário
comercial; de fatos marcantes sobre a bem-sucedida turnê pelo Japão, enquanto
eram ignorados na Inglaterra; das voltas de trem para casa durante a madrugada,
carregando rolos enormes de fita e dizendo um para o outro “toma cuidado! Nosso
futuro está aí!”. Contam até bastidores pitorescos, como a discussão sobre a
sensibilidade exagerada na canção You’re
my best friend e o fato de nunca terem visto Freddie Mercury lendo um
livro, em tantos anos de convívio. E mesmo com o vocalista morto há mais de 20
anos e a posterior reclusão de John Deacon, o que mais chama a atenção é a
maneira como os quatro integrantes têm finalmente o destaque que lhes é cabido!
E em tela de cinema! Imperdível!
No final do documentário, após a emoção de ver Freddie
contando que quando souberam sobre o 1º. Lugar de Bohemian Rhapsody, pularam até parar o elevador do Hotel, a plateia
é transportada no tempo para a antológica apresentação de Natal, aberta com o
potente riff de Now I’m here e que
segue com shows particulares dos quatro. De Roger Taylor, gripado e com dores,
quase quebrando sua bateria, a Brian May, que segurou sozinho a apresentação durante
bons cinco minutos, passando pelo discreto e perfeito Deacon, até chegar em
Freddie; pirotécnico, exagerado, brega para alguns e absolutamente espetacular.
Como sempre!
0 comentários:
Postar um comentário