Por Carlos Larios (contato@larioscine.com)
Graças a "Star Wars", o final da década de 70 produziu uma
infinidade de filmes espaciais. Ficções-científicas, fantasias e aventuras eram
os gêneros cósmicos que permeavam as telas de cinema. Até que Dan O´Bannon e
Ronald Shusset decidiram revolucionar de vez as películas sobre espaço.
Escreveram "Alien - o 8º Passageiro", um legítimo filme de terror e
suspense que, certamente, é um dos mais assustadores do cinema. O novato
diretor britânico Ridley Scott, que vinha do sucesso "Os Duelistas",
foi o responsável pelo filme, logo após o cineasta Walter Hill desistir da
função para se dedicar ao faroeste, "Cavalgada dos Proscritos".
"Alien" foi um marco do cinema pela atmosfera opressora, direção de arte impecável, efeitos-especiais convincentes, atuações memoráveis e toda mão de um empolgado cineasta que tinha o poder de prender o espectador em cenas de muita tensão. A improvável tarefa de superar o primeiro filme foi quase realizada com sucesso por James Cameron e seu "Aliens". Apesar de ser ousada e divertida, a bem sucedida continuação chega longe do primeiro no quesito terror. "Alien - o 8º Passageiro" é superior em tensão e suspense e, depois de 32 anos, jamais envelheceu, continuando seu legado de sustos.
Após pífias continuações e uma fracassada franquia em "Alien Vs. Predador", a Fox decidiu reinventar os famosos xenomorfos, confiando novamente no grande responsável pelo sucesso dos monstrengos - o próprio Ridley Scott. Ao lado de Damon Lindelof, um dos criadores da série "Lost", Scott recriou o planeta que originou a praga alienígena de "O 8º Passageiro". Os dois filmes foram bem amarrados, embora "Prometheus" pode ganhar uma franquia paralela ao dos famosos aliens.
Na trama a espaço-nave Prometheus, um trilionário investimento da empresa Weyland, parte da Terra em direção a um inóspito planeta com a finalidade de responder a questão que mais aflige a humanidade: “quem somos e de onde viemos”. A resposta para essa dúvida está nas mãos dos cientistas Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e de Charlie Holloway (Logan Marshall-Green). Suas pesquisas criteriosas de povos antigos os levaram a crer que o Homem foi criado por extraterrestres. O estudo do casal leva-os a uma viagem entre a Terra e o misterioso planeta que, teoricamente, pode os confrontar com os "engenheiros", seres responsáveis pela existência humana. A longa jornada rumo ao destino desconhecido toma dois anos de suas vidas.
Entre os tripulantes da nave exploradora, apenas o androide David (Michael Fassbender) permanece acordado durante todo o trajeto. Ele usa o tempo para dominar antigos idiomas, além de assistir intermináveis sessões de "Lawrence da Arábia" e se entreter com os sonhos dos tripulantes adormecidos. Sob o comando de Meredith Vickers (Charlize Theron), os membros da Prometheus despertam do duradouro sono que o acometeram por dois anos, e se preparam para a expedição em busca dos "engenheiros".
A nave pousa perto de uma cadeia rochosa que se torna foco de pesquisa para os cientistas presentes. O grupo liderado por Hollowaye Shaw desbravam o monumento geológico em busca dos famigerados extraterrestres. Mas ao invés de vida inteligente, os exploradores encontram cadáveres fossilizados e a hostilidade de criaturas que rastejam pela escuridão cavernosa.
"Prometheus" tem um enredo interessante, onde desseca os fatos paulatinamente, deixando o melhor para o final. O crescente suspense cadenciado por Scott instiga o espectador, principalmente pela exuberância dos primeiros minutos de metragem. O desenvolvimento e a dinâmica entre os personagens está bem adequada à proposta da película. A excelente atriz sueca Noomi Rapace, que está em ascensão na carreira, imprime fragilidade feminina mesclada à força visceral, tal como costuma ser as protagonistas dos filmes de Ridley Scott.
Já Michael Fassbender, como era de se esperar, está ótimo como David. O inteligente androide com trejeitos serviçais tem a frieza de uma máquina. É inevitável a comparação com os robôs humanoides que Ridley Scott levou aos cinemas em "Blade Runner" (1982). Embora David seja o oposto das máquinas em crise existencial no filme de 1982, já que ele é um orgulhoso androide que desdenha da condição humana.
Apesar do enredo interessante e da entrega dos atores, "Prometheus" cai em pequenas armadilhas que não o tornam um filme memorável. Às vezes a película se leva muito a serio, caindo em preciosismos existenciais que não fluem com a proposta original da trama. Os embates entre religiosidade contra razão científica pretendem guiar o filme para um viés filosófico, soando um pouco superficial.
Contudo, a pretensão do cineasta e dos roteiristas não estraga a diversão de
"Prometheus". Scott que não é fã de tecnologia CGI priorizou a
construção dos cenários, ao invés de cria-los em computador. O resultado
realista pode ser conferido nas cenas de perder o fôlego durante a película que,
se não é comparável à “Alien”, pelo menos oferece um renascimento digno para o
monstro espacial mais famoso da sétima arte. Tente ver em 3D. Você certamente vai gostar.
Nota: 7
Nota: 7
1 comentários:
Boa crítica, mas meio rasa... contou mais a história, né. Só uma correção importante: embora pareça orgulhoso do que é, David sempre demonstra ressentimento por não ser humano. A ótima atuação de Fassbender mostra isso sutilmente.
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