sexta-feira, 13 de abril de 2012

GALO DE BRIGA (1974)



  No começo da década de 70, uma leva de cineastas estadunidenses se contrapunha aos estúdios, a fim de produzirem obras mais realistas. Seus filmes eram retratos fiéis de uma nação que se dizia superiores, mas que cambaleava entre escândalos políticos e fracassos bélicos.  Suas obras imprimiram uma sub-cultura crua ao fadado cinemão dos EUA. A crítica dos jovens diretores castigava o conservadorismo patriótico e manchava o famigerado lema do "american dream".

   Entre esses jovens e talentosos cineastas está Monte Hellman. Mesmo não sendo tão conhecido como os cineastas de sua época, o diretor possui uma história representativa no cinema independente americano. Hellman foi um dos inúmeros talentos inestimáveis que recebeu aporte do legendário produtor Roger Corman. Entre as parcerias de Hellman e Corman, destacam-se as películas de faroeste, que foram reconhecidas internacionalmente pela crueza imprimida na tela. A revista francesa "Cahiers du Cinema", por exemplo, elegeu "A Vingança de um Pistoleiro" como um dos melhores filmes de 1965.

   Seu estilo europeu em retratar a América (seus faroestes lembram muito o ´spaghetti western italiano´) levou a Universal a produzir sua maior obra-prima - "Corrida sem Fim". Apesar de ser vangloriado pela crítica, o filme foi um fiasco nas bilheterias. Hellman, então, voltou a contar com a colaboração de Corman para o filme mais polêmico de sua carreira - "Galo de Briga".






   A personalidade e talento do cineasta atraíram nomes de peso como o do legendário diretor de fotografia espanhol Nestór Almendros.  Lewis Teague, que anos mais tarde seria reconhecido como cineasta de películas como "A Jóia do Nilo", "Cujo", "Olhos de Gato" e "Alligator", também integrou a equipe, sendo o responsável pela montagem da película.






   "Galo de Briga" conta a história de Frank (Warren Oates), um treinador e apostador de rinha onde duelam galináceos. Por falar mais do que devia, e por perder muito dinheiro, o protagonista decide se calar até que consiga vencer o principal torneio de briga de galos da região. Seu fascínio em torno do cruel jogo de apostas é mal visto por Mary (Patricia Pearcy), sua derradeira paixão. A moça, que também o ama, dá um ultimato para que Frank largue esse tipo de vida.





   O dilema entre o amor de uma mulher e de seu modo de viver logo se dissipa, diante da oportunidade em disputar o famigerado torneio de rinha. Com ajuda do sócio Omar (Richard B.Shull) e de Buford (Robert Earl Jones, pai de James Earl Jones), Frank precisa recuperar o orgulho perdido. Para isso o protagonista terá que vencer uma aposta com Jack Burke (Harry Dean Stanton), seu maior rival. O durão Frank é um homem marginalizado por suas virtudes, que busca em algo aparentemente banal, sua redenção. Essa característica contrapõe-se à idealização heroica que o cinema americano pregava para seus protagonistas..



   Baseado em um romance de Charles Willeford, "Galo de Briga" é mais despojado que as películas antecessoras de Hellman, mas não menos complexa. O foco do cineasta na população rural extrai a verdadeira essência de um país como os EUA. São nas cidades interioranas que habitam grande parte da população, que mesmo na década de 70, ainda gozava de estilos de vidas ultrapassados.



   Controverso, "Galo de Briga" já diverte pelo tema pouco convencional, sem perder a contundência em desmistificar àquela imagem da América "feia" e "suja", pouco explorada pelo cinema estadunidense.

0 comentários:

 

Blogroll

free counters

Minha lista de blogs