terça-feira, 30 de agosto de 2011

68º Festival de Cinema de Veneza

Amanhã (31 de agosto) começa a 68ª edição do Festival de Veneza, um dos principais eventos de cinema no mundo. O filme de abertura, "The Ides of March" de George Clooney, terá a presença de seu diretor, além de Paul Giamatti e Philip Seymour Hoffman, que atuam na película ao lado de Ryan Gosling. Além de Clooney, Veneza vai contar com nomes de peso do cinema mundial nesses 10 dias de festival. David Cronenberg, Abel Ferrara, William Friedkin, Roman Polanski, Todd Solondz, Sion Siono e o cineasta britânico Steve McQueen são alguns dos diretores que tem seus filmes indicados ao Leão de Ouro desse ano. Outra presença garantida é a do ator Al Pacino, que vai receber o prêmio "Glory to the Filmaker" pelo conjunto da obra. Darren Aronofsky, diretor de "Réquiem para um Sonho" e "O Lutador", vai presidir o júri dessa edição do festival. Confira os indicados desse ano.


The Ides of March, George CLOONEY - EUA (filme de abertura)

Tinker, Taylor, Soldier, Spy, Tomas ALFREDSON - Grã Bretanha, Alemanha

 
Wuthering Heights, Andrea ARNOLD - Grã Bretanha

 
Texas Killing Fields, Ami Canaan MANN - EUA

Quando La Notte, Cristina COMENCINI - Itália

Terraferma, Emanuele CREALESE - Itália, França

 A Dangerous Method, David CRONENBERG - Alemanha, Canadá

 
Last Days on Earth, Abel FERRARA - EUA

 
Killer Joe, William FRIEDKIN - EUA

Un Été Brulant, Philippe GARREL - França, Itália, Suiça 

 
Taojie (A Simple Life), Ann HUI - China, Hong Kong

Hahithalfut (The Exchange), Eran KOLIRIN - Israel, Alemanha

 Alps, Yorgos LANTHIMOS - Grécia

 
Shame, Steve MCQUEEN - Grã Bretanha

 
L'Ultimo Terrestre, Gian Alfonso PACINOTTI - Itália

 
Carnage, Roman POLANSKI - França, Alemanha, Espanha, Polónia

 Poulet aux Prunes, Marjane SATRAPI, Vincent PARONNAUD - França, Bélgica, Alemanha

Faust, Aleksander SOKUROV - Rússia
 
 
Dark Horse, Todd SOLONDZ - EUA

 
Himizu, Sion SONO - Japão

Seediq Bale, TE-SHENG Wei- China, Taiwan

Life Without Principle, Johnnie TO - Hong Kong

Para notícias do Festiva de Veneza, acompanhe meu blog diariamente até o dia 11 de setembro.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

UM CONTO CHINÊS (2011)

Podia ser apenas mais uma película com a desgastada fórmula de dois desconhecidos que se conhecem por acaso, e com o passar do tempo formatam uma empatia mútua. Mas "Um Conto Chinês" não está fadado somente à esse tipo de arquétipo. O mais recente sucesso do cinema portenho, que levou mais de um milhão de espectadores para o cinema, é uma comédia protagonizada pelo grande astro argentino Ricardo Darin, que demonstra a cada filme sua flexibidade e talento para compor vários personagens distintos. Em "Um Conto Chinês" ele se distancia da imagem de galã maduro para dar vida a Roberto, um sistemático cinquentão rabugento. Sem pretensões na vida, o personagem é dono de uma pequena loja de ferramentas. Seu dia-a-dia limita-se a banalidades que o irritam quase que em tempo integral. Mesmo sendo um sujeito anti-social e ermitão, Roberto alimenta alguns hobbies pouco convencionais, como o de presentiar o retrato de sua falecida progenitora com miniaturas de galinhas em porcelana. Além disso, Roberto coleciona notícias de mortes absurdas no jornal e assisite a pousos e decolagens de aeronaves que trafegam pelo aeroporto de Buenos Aires. É nesse local que ele conhece Jun, um jovem chinês que abruptamente é expulso de um táxi em movimento. O rapaz que não fala nenhuma palavra em espanhol, é brevemente socorrido pelo homem ranzinza. Roberto então é acometido por um grande senso de caridade, embora sua faceta sisuda continue intacta. Apesar de sua frustrada torcida para que o perdido rapaz chinês reencontre seu tio que reside na Argentina, Roberto cria um vínculo fraternal, quase que paterno por Jun. A relação deles ganha mais desenvoltura com a presença de Mari (Muriel Santa Ana), uma quarentona espirituosa e apaixonada pelo rabugento cinquentão.

 
    Dois terços do filme é pura comédia de situações, baseadas no choque cultural entre Roberto e seu indesejável hóspede. O restante do filme é complementado pela sutileza dramática, marca registrada do cinema argentino contemporâneo, que sensibiliza o espectador mais frígido. O passado da dupla é revelado no fim da película, na qual ambos dividem seus fardos de forma universal, mesmo que suas línguas sejam tão incompátiveis. Roberto é um ex-combatente que lutou durante à década de 80 nas Malvinas. Enquanto Jun é um artesão que perdeu sua amada após uma fatalidade envolvendo uma vaca caída do céu (absurdo, mas pasmem, baseado em uma história verídica).

    Apesar da "batida" moral que a película prega sobre as aparentes banalidades vitais, é quase unânime a sensação de "feel good" após o término da metragem. É um filme com uma desenvoltura manjada, mas com atuações convincentes e grande "timing" cômico. Memso longe de mudar a indústria cinematográfica, "Um Conto Chinês" é um filme inteligente e positivo que certamente o fará sorrir.

sábado, 13 de agosto de 2011

A ÁRVORE DA VIDA (2011)

"Graças a Deus", esbraveja uma mulher impaciente ao término de "A Árvore da Vida". Outra pessoa ao meu lado, incrédula, não parava de consultar seu celular, ansiosa pelos créditos finais daquele filme sem significado aparente. No corredor de acesso à saída, um jovem casal de namorados mencionava que essa película talvez fosse o pior que eles assistiram na vida, e que o cineasta supostamente estaria drogado ao concluí-la. Moral; "A Árvore da Vida" é um filme para poucas pessoas, mas engana o público mais desatento pela presença "estrelada" de Brad Pitt e Sean Penn.

O que me irritou e também me constrangeu, foram as reações das pessoas na sala durante os densos 139 minutos de metragem. Eram manifestações como bocejos, batidas de pé e risadinhas maldosas em cenas viscerais e de explosão de beleza. Não é a toa que o filme também dividiu a opinião de críticos do mundo todo, em sua exibição no último final de Cannes.


   Depois de mais de dois anos de processo de pós-produção, enfurnado dentro de uma ilha de montagem, o cineasta texano Terrence Malick concluiu o seu filme mais denso e religioso. A densidade das imagens exibidas durante "A Árvore da Vida", belamente fotografadas pelo mexicano Emmanuel Lubezki, lembra ao espectador a insignificância do homem. A áurea mística composta pelas imagens se complementa com as músicas sacras do compositor francês Alexandre Desplat. Efeitos especiais dignos de um blockbuster permeiam a tela com explosões vulcânicas, formações geológicas, e até aparecimento de dinossauros. O surgimento da vida também é um marco, e mostra a formação de compostos orgânicos dentro da chamada "sopa primordial".

   No campo religioso, "A Árvore da Vida" caminha por uma bifurcação moral, que a própria protagonista em narração nos convida a entender; o caminho da "graça" e o caminho da "natureza". Os O´Brien é uma típica família estadunidense do fim da década de 50. O patriarca interpretado por Brad Pitt é um exigente homem que rege sua prole, impondo suas convicções morais e suprindo sua frustração vital. Apesar de amoroso e preocupado com os filhos, Sr.O´Brien é o contraponto de sua esposa. A matriarca (Jessica Chastain), sempre acolhedora e bondosa, deposita fé e esperança de forma pacífica aos seus três filhos. Enquanto a Sra. O´Brien e seus dois filhos escolheram o caminho da "graça", Jack e seu pai vuneravelmente são entregues ao impulso "natural" e por consequência à uma vida cheia de frustrações.

 
   A falta de linearidade da trama reveza cenas da infância de Jack, com seus anseios de um depressivo homem de meia-idade, interpretado por Sean Penn. Suas lembranças paulatinamente espremem a evolução dele como um indivíduo, desde a fase sexual, sua relação com o inseparável irmão mais velho, e até passando pela vontade de matar seu pai opressor. Clamando por uma intervenção divina, o jovem Jack ora pela morte do patriarca, que ironicamente vive anos. O silêncio de um  ser supremo, por sinal, está presente em dezenas de takes. Nas rochas, no canto dos pássaros e na figura da imponente árvore, que calada, testemunha a angústia dos humanos em busca de um significado para vida.

    Apesar de ser pretensioso, "A Árvore da Vida" é um filme que requer paciência, e como uma meditação, o espectador deve se entregar ao mundo místico retratado por Terrence Malick. Deve se entender as metáforas impostas pelo cineasta, tal como a água, e a suma importância para a origem da vida, desde a citada sopa primordial, até o líquido amniótico que envolve o feto no ventre materno. O nosso mundo, permeado de incertezas e infelicidades, na eterna busca por um significado vital, é a base certa para compreensão de "A Árvore da Vida".
 

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