Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, do Globo de Ouro, do prêmio Europeu da crítica e franco favorito ao Oscar de filme estrangeiro. Essa é a carreira bem sucedida da produção alemã, "A Fita Branca" de Michael Haneke. O cineasta austríaco submete o público a sua famosa marca registrada; a contundência em suas películas para expor valores sombrios de nossa sociedade. Apesar desse filme se passar há quase um século, sua premissa explica questões de nossos tempos. Em questão, as raízes do mal da autoritária Alemanha pré-Primeira Guerra Mundial.
Entre os anos de 1913 e 1914, uma pequena aldeia alemã é assolada por crimes que chocam seus moradores. O local é regido quase de forma feudal, pois metade da população trabalha para um rico barão da aldeia. Mesmo tendo poder sobre os pobres habitantes, o poderoso homem não consegue se defrontar com o culpado da situação, ainda mais depois que seu filho torna-se vítima de tortura.
Haneke mostra o período negro que antecede a Primeira Guerra dentro do povoado. A sociedade do local é muito religiosa e puritana. Contudo a inveja, o medo e o ódio habitam a aldeia, refletindo no comportamento das crianças. A fita branca, que dá nome ao filme, simboliza a suposta inocência e a pureza da infância. Segundo o pastor do local, apesar de estarem a mercê de pecados mundanos, as crianças são a salvação. Em determinado momento da trama, quando os filhos do religioso voltam para casa depois de estarem desaparecidos, o pastor lhes avisa que vai puni-los. O castigo virá em forma de dor física, provocando maior ira entre as crianças.
O cineasta explicou, pouco depois da estréia da "Fita Branca" no último Festival de Cannes, que o filme não trata apenas da origem do nazismo. A raiz do mal mostrada na película, vem de casa, do leito, desde a infância. Segundo Haneke isso é universal, e pode acontecer em qualquer lugar e época. As ideologias, tai como o próprio nazismo e até autoritarismo religioso é retratado nesse filme, como uma forma de desvalorização de ideais.
Devido a contundência da trama, muitas pessoas não gostaram da forma explícita que Haneke desenvolveu seu filme. Ele nos mostra mal-tratos à crianças, tortura à um deficiente mental e machismo exarcebado. Mesmo "regado" a muita polêmicas, "A Fita Branca" é um cruel retrato de valores que para muitos são considerados eficazes e corretos, mas no conjunto da sociedade podem trazer graves consequências.
Mais uma vez Michael Haneke não decepcionou seu público, que a cada obra o cultua como um grande cineasta de nossa triste realidade pós-moderna.
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