O cinema as vezes é a melhor terapia para mim. Nada melhor do que ser surpreendido positivamente após assistir um filme. Consequentemente um sentimento de satisfação, depois de um cansativo dia de trabalho, sempre é muito bem vindo. Certamente essa é a melhor sensação que um cinéfilo pode ter após o término de uma película, como no caso do excelente "Caché". De fato Michael Haneke, diretor austríaco e último premiado em Cannes, já virou meu ídolo. Não por acaso os polêmicos "Violência Gratuita" e "A Pianista", dirigidas pelo austríaco, são hoje em dia considerados grandes obras primas. Em "Caché", Haneke tem o dom de tranformar um simples roteiro no qual ele mesmo escreveu, em uma película saborosamente estilosa. Aliás, um estilo um tanto quanto peculiar, que já virou marca registrada de sua filmografia.
Nesse filme, Haneke tem a oportunidade de dirigir dois monstros sagrados da França; Daniel Auteuil (Jean de Florette) e Juliette Binoche (A Liberdade é Azul) sendo que o primeiro arranca uma atuação sincera e contundente. "Caché" antes de uma estilosa película, é uma excelente crítica as diferentes etnias e um verdadeiro ode ao preconceito. A história do filme conta a vida de aparências do casal formado por Georges, um apresentador de um programa literário, e Anne que repentinamente começam a receber fitas com filmagens de sua casa. Conforme o passar do tempo, as fitas que vão recebendo, começam a vir com desenhos infantis e revelam locais que fizeram parte do passado do apresentador. Georges gosta de preservar sua aparência de intelectual, e esconde fatos da infância que nunca revelou para sua esposa. Nem com sua velha mãe (Annie Girardot) Georges gosta de se confessar. Até que em um dia o casal recebe uma fita com imagens de um lugar que pode revelar o paradeiro do responsável pelos envios. Ao chegar nesse local, o apresentador se encontra com um velho conhecido chamado Majid (Maurice Bénichou), um argelino que quase foi seu irmão adotivo durante a infância. A questão que fica é, será que Georges sentira o peso da consciência após décadas do fatídico acontecimento, ou simplesmente não se importara com os danos que causou a vida do argelino? Haneke não deixa explícito aos espectadores o que de fato se passa na mente do protagonista, contudo algumas imagens servem como pistas para o espectador. Afinal no trabalho do cineasta austríaco, nenhuma cena é feita sem propósito, até mesmo quando a mesma parece ser futil.
Méritos de um grande diretor, que infelizmente em terras americanas (incluindo o Brasil) permanece como um desconhecido.
De qualquer forma fica minha dica, e se você como eu for um apreciador de sétima arte, não assista o filme o quanto antes. E claro, se você estiver vendo o filme em DVD ou no computador, não deixe de prestar atenção na última cena de "Caché". Ela podera revelar mais do que se imagina.
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