sábado, 12 de outubro de 2013

GRAVIDADE (2013)


Por Carlos Larios

Depois de dois anos enclausurado com aparatos tecnológicos de custo a sete dígitos, que somente um poderoso estúdio como a Warner poderia prover, o cineasta mexicano Alfonso Cuarón finalizou "Gravidade", obra que concebeu em parceria com o filho Jonás. Os produtores da ficção apostaram na premissa ousada de pai e filho e desembolsaram U$100 milhões para retratar com todo realismo e fidelidade a derradeira epopeia de dois astronautas à deriva em órbita terrestre.

A película causou frisson por onde passou e foi apontada por muitos críticos como uma evolução na tecnologia empregada dentro da sétima arte. Toda expectativa em torno do filme pode ser explicada pelo forte marketing da Warner em "vender" o filme como uma experiência sensorial única. Ainda mais com a consultoria de "gente grande" como de James Cameron (Titanic e Avatar), "papa do 3D moderno" e da própria Nasa. Todo esse cuidado teve o intuito de compor nos mínimos detalhes a vivência diante de uma situação espacial tão angustiante.


O filme mobilizou Hollywood. Tanto que na escolha da protagonista, atrizes do porte de Angelina Jolie, Natalie Portman, Rachel Weisz, Marion Cotillard, entre outras super estrelas disputaram o papel que ficou para a mais veterana de todas; a quase cinquentona Sandra Bullock. Quando fora divulgado seu nome como protagonista confesso que não gostei. Em toda sua filmografia a atriz desempenhou papéis regulares com expressões muito parecidas entre cada obra. Mesmo com um Oscar pelo fraco "Um Sonho Possível", a eterna musa de "Velocidade Máxima" nunca foi uma unanimidade entre os críticos. Até este filme.

Apesar de toda a tecnologia empregada, "Gravidade" se sustenta no emocional da Dra. Ryan, protagonista da trama, uma competente engenheira médica em sua primeira e desastrosa viagem ao espaço, após a nave que fazia manutenção ser atingida por fragmentos de uma outra estação que explodiu. Bullock teve seis meses de preparo físico e emocional para transparecer com verossimilhança esta experiência vital tão intensa e desgastante. O árduo trabalho da atriz, que foi moldado juntamente com o diretor Afonso Cuarón, entregou a grande personagem de sua carreira.


Dra. Ryan inspira vulnerabilidade e insegurança, apesar de ser uma mulher brilhante. Em primeira pessoa e ao som de sua sufocante respiração, o desespero e a perda dos sentidos transcende a tela do cinema. O espectador é levado a fazer piruetas sufocantes por cima da estratosfera junto com a protagonista, logo após a estação espacial que fazia manutenção ser atingida por fragmentos de uma. Neste angustiante contexto surge o amparo do veterano Comandante Matt Kowalski, interpretado por George Clooney, que precisa lidar com a maior adversidade da carreira, justamente na sua última viagem espacial. Ele é o contra-ponto de Ryan pois esbanja segurança e otimismo, tornando-se uma referência para a inexperiente astronauta.

A extenuante jornada pela sobrevivência da engenheira médica a quilômetros do solo terrestre faz clara alusão ao renascimento espiritual da personagem. Tomada por amarguras do passado, Ryan contenta-se em viver apenas pela profissão se esquecendo da própria vida. O acidente espacial é o claro despertar da protagonista para sua existência. Isso é evidenciado em tomadas ambíguas de posições fetais e alucinações motivacionais que demonstram com clareza a ideia dos Cuarón.


Todos os superlativos que conferem "Gravidade" são merecidos. A música incidental, sempre presente para quebrar o silêncio do espaço, tem efeito avassalador de tensão, tornando a experiência ainda mais opressora. Convêm mencionar o trabalho primoroso de Steven Price que provavelmente vai lhe garantir uma indicação ao Oscar de Trilha Sonora. A música aqui tem um papel emocional muito forte, imprimindo em entonações todo o turbilhão emocional dos personagens. Outro destaque técnico fica para a fotografia vertiginosa de Emmanuel Lubezki, conterrâneo e colaborador frequente de Alfonso Cuarón. Mesmo com a excelência digital empregada pelos efeitos especiais, o filme não teria tanto êxito nas mãos de um diretor de fotografia menos competente. 

O conjunto total da obra, tanto no âmbito técnico quanto no artístico torna "Gravidade" em uma película grandiloquente que, além de  entreter, nos faz refletir sobre as artimanhas impostas pela vida e a pequinês humana diante do universo. Um filme que, de fato, transmite com louvor uma experiência sensorial única para o espectador. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Guillermo Del Toro dirige abertura dos Simpsons



O cineasta multimídia Guillermo Del Toro inovou mais uma vez depois de ter sido convidado para dirigir a abertura do especial de halloween dos "Simpsons", o "Treehouse of Horror XXIV". E dá-lhe referências a seus principais filmes como "Cronos", "O Labirinto do Fauno", "Mutação" e "Hellboy", além de uma infinidade de películas de terror.

Na abertura de quase três minutos Del Toro também homenageia seus grandes ídolos como Stephen King, Alfred Hitchcock, Edgar Allan Poe, entre outros.

Confira a abertura na íntegra.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Festival Varilux de Cinema Francês 2013

Por Carlos Larios

Para os fãs do cinema francês, uma ótima notícia. O Ministério da Cultura, o Governo do Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura apresentam o Festival Varilux de Cinema Francês 2013. Os filmes do evento, que vai acontecer entre os dias 01 e 16 de maio, serão exibidos em 40 cidades brasileiras. A estimativa divulgada pela organização do evento prevê um público de 100 mil pessoas durante as duas semanas.

Da esquerda para direita, Philippe Le Guay, Michel Leclerc, Jean-Paul Lilienfeld, Benoît Jacquot, Agnès Jaoui, Arthur Dupont, Danièle Thompson, Jean-Pierre Améris e Christa Theret (FOTO: PAULA QUINTAS/ LARIOSCINE)

Abrindo com chave de ouro,o festival levou para São Paulo consagrados nomes franceses. A comitiva presente na coletiva imprensa foi formada por profissionais que terão seus trabalhos exibidos nos 15 dias da mostra. Os diretores que estiveram divulgando seu trabalho foram; Danièle Thompson (Aconteceu em Saint-Tropez), Benoît Jacquot (Adeus, minha rainha), Agnès Jaoui (Além do arco-íris), Michel Leclerc (Anos incríveis), Jean-Pierre Améris (O homem que ri), Philippe Le Guay (Pedalando com Molière), Jean-Paul Lilienfeld (Prenda-me). Além dos cineastas, os atores Arthur Dupont (Os Sabores do Palácio e Além do arco-íris) e Christa Theret (O homem que ri e Renoir) também compareceram ao papo com a imprensa.

O festival vai exibir uma mostra especial do cineasta Benoît Jacquot (FOTO: PAULA QUINTAS/LARIOSCINE)

Empolgados com oportunidade de divulgarem seus filmes no Brasil, os artistas transmitiam simpatia. "Sou uma grande amante da música brasileira, e tenho muitos outros motivos para gostar daqui", revelou a atriz e cineasta Agnès Jaoui, em um português fluente. O jovem ator Arthur Dupont disse que estava muito ansioso para saber a repercussão do público no país. Quando questionados sobre a possibilidade de trabalhar com uma nova geração de atores, o diretor Benoît Jacquot foi enfático; "As atrizes mais consagradas costumam me procurar (...) meu trabalho é achar novos talentos", contou o cineasta que já dirigiu Isabelle Huppert, Daniel Auteil, Jean-Pierre Cassel, Isabelle Adjani e Catherine Deneuve.

A atriz e diretora Agnès Jaoui já foi premiada em Cannes por roteiro, em 2004 (FOTO: PAULA QUINTAS/ LARIOSCINE)

Por falar em reconhecidos astros franceses, Jean-Pierre Améries, que dirige ninguém menos que Gerárd Depardieu em "O homem que ri", afirmou não diferenciar os seus atores veteranos dos menos conhecidos; "Eu os vejo da mesma forma". Na hora de eleger seus filmes brasileiros favoritos, a obra de Glauber Rocha não podia ficar de fora. "Deus e o Diabo na Terra do Sol, certamente é a película que mais gosto", disse Phillipe Le Guay. "Cidade de Deus", "Central do Brasil" e até "Dona Flor e seus Dois Maridos" também foram citados, ao lado da co-produção franco-brasileira "Orfeu Negro" de Marcel Camus.

Christa Theret já contracenou com Depardieu e já fez o papel de amante de Jean Dujardin. A atriz está com dois filmes sendo exibidos no Festival Varilux (FOTO: PAULA QUINTAS/ LARIOSCINE)

Além dos artistas presentes, o festival vai exibir filmes de outros experientes diretores como Jacques Audiard e Bruno Dumont. Confira se sua cidade faz parte da relação do evento, e a relação dos filmes.

FILMES:


Aconteceu em Saint-Tropez de Danièlle Thompson
Com Monica Bellucci e Kad Merad

Adeus, minha rainha de Benoît Jacquot
Com Léa Seydoux e Diane Kruger


Além do arco-íris de Agnès Jaoui
Com Agathe Bonitzer e Arthur Dupont

Anos incríveis de Michel Leclerc
Com Félix Moati e Sara Forestier


Camille Claudel 1915 de Bruno Dumont
Com Juliette Binoche e Jean-Luc Vincent

Uma dama em Paris de Ilmar Raag
Com Jeanne Moreau e Laine Magi

A datilógrafa de Régis Roinsard
Com Romain Duris e Déborah François


Feito gente grande de Carine Tardieu
Com Agnès Jaoui e Denis Podalydès

Ferrugem e osso de Jacques Audiard
Com Marion Cotillard e Matthias Schoenaerts

O homem que ri de Jean-Pierre Améris
Com Gérard Depardieu e Christa Theret

O menino da floresta de Jean-Christophe Dessaint
Vozes de Jean Reno e Lorant Deutsch


Pedalando com Molière de Philippe Le Guay
Com Fabrice Luchini e Lambert Wilson

Prenda-me de Jean-Paul Lilienfeld
Com Sophie Marceau e Miou-Miou

Os Sabores do Palácio de Christian Vincent
Com Catherine Frot e Jean d´Ormesson

MOSTRA BENOÎT JACQUOT

Cidades que exibiram os filmes do FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS

Aracajú, Belém, Belo Horizonte, Blumenau, Brasília, Campinas, Cotia, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Indaiatuba. João Pessoa, Juiz de Fora, Jundiai, Londrina, Macaé, Maceio, Manaus, Maringá, Natal, Nova Friburgo, Novo Hamburgo, Palmas, Petrópolis, Porto Alegre, Recife, Resende, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador, Santa Maria, Santos, São Gonçalo, São Luis, São Paulo, Sorocaba, Teresópolis, Tubarão e Vitória

LOCAIS E HORÁRIOS NA SUA CIDADE, ACESSE

http://variluxcinefrances.com/


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Estreia da semana - OS MISERÁVEIS



POR DIEGO SALOMÃO

Confesso que quando fui assistir ao musical “Les Miserables” no cinema, não sabia que se tratava, na verdade, de uma adaptação de um clássico do escritor francês Victor Hugo.Lembrava, é claro, da peça homônima; um musical da Broadway, que ficou durante anos em cartaz em São Paulo, sem chamar minha atenção. Hoje, porém, tendo assistido ao filme, bate-me uma ponta de arrependimento pela encenação desprezada, e também grande curiosidade por conhecer o livro, escrito em 1862.


No filme, Hugh Jackman – que provavelmente nunca irá se livrar das garras do Wolverine – faz o papel de Jean Valjean, um presidiário, que, em liberdade condicional, reconstrói sua vida às custas de uma nova identidade, sem, no entanto, escapar da ira de seu antigo carcereiro, o inspetor Javert, vivido pelo sempre ótimo Russel Crowe.  


Em meio a tal perseguição, Valjean adota uma criança; uma menina, filha de Cossette, personagem de Anne Hathaway (a menina ingênua de “O Diabo veste Prada” e a sensual Maggie de “O amor e outras drogas”), que vivia sob os questionáveis cuidados de um hilário casal de trambiqueiros.
Com o passar dos anos, as vidas desses e de outros personagens se tornam ainda mais próximas, envoltas numa trama que envolve amor, guerra, morte, culpa, passados obscuros, ciúmes, crimes, dentre outras temáticas utilizadas até os dias de hoje. Clichês podem dizer alguns. Ora, antes de pensar no quanto tais temas já estão desgastados, pensem: será que já o eram no século XIX? Ou será que Victor Hugo, bem como outros tantos autores, apenas ajudou a torná-los tão importantes para as artes?


Enfim, a versão cinematográfica de “Les Miserables” – a única que conheço, na verdade – é muito boa. Um enredo envolvente, que conta com boas atuações, fotografia impecável e, claro, ótimas canções. Essas, aliás, remetem-me à única crítica que tenho ao filme: contam-se nos dedos de uma mão a quantidade de diálogos não musicados ao longo de 2,5 horas. Comparando-o a outros musicais, como “A Noviça Rebelde”, “Moulin Rouge” e “Across the Universe”, por exemplo, achei um exagero. Mesmo para um musical, julgo serem importantes momentos de puro diálogo. Difícil definir exatamente o motivo. Apenas me soaria mais leve, muito embora essa não deva ser a intenção de um filme passado na França do século XIX.



 

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